segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A hora da notícia

Então eu estava grávida, solteira e morrendo de medo de dar essa notícia para minha família. Decidi falar primeiro com “o amigo”, que agora seria o pai do meu filho (pelo menos deveria ser), assim eu já teria o que responder quando a minha mãe perguntasse: - E o pai, o que vai acha disso?
Na verdade, eu tinha esperança de receber o mínimo de apoio do dito cujo, afinal nós nos conhecíamos há muito tempo, eu segurei a barra dele vááárias vezes e agora tava carregando um filho dele. Liguei, disse que precisava falar com ele, marcamos de nos encontrar e lá fui eu. Chegando lá, beijinhos, abraços, algumas reclamações dele sobre a ex-mulher que não deixava ele ver a filha (é, na época ele já tinha uma filha de 1 ano) e eu solidária a tudo, mas procurando um jeito de introduzir o assunto.
Pensei em: - Olha, eu entendo que você queira ver mais a sua filha, mas ó prometo que esse bebê que eu to esperando você vai poder ver sempre que quiser tá? – E foi quase assim mesmo que saiu, acho que o nervosismo me fez cuspir esse pensamento sem que eu notasse. Quando me dei conta do que tinha dito, vi “o amigo” paralisado, juro que ele passou uns bons 5 minutos sem conseguir pronunciar nenhuma palavra. Depois que ele voltou a falar, desejei ardentemente que ele tivesse ficado mudo para sempre, mas né? As coisas nem sempre são do jeito que a gente quer.
Em resumo, ele perguntou se era dele (não, é do cara que vende picolé, só vim aqui te contar porque queria dividir minha alegria com você), o que eu pretendia fazer (como assim? Eu pretendo engordar uns 15 quilos e botar esse serzinho pra fora daqui a uns 7 ou 8 meses, oras).Moça fina e educada que sou, achei melhor encarar aquela atitude como culpa do choque da notícia e respondi educadamente que sim, o filho era dele sem sombra de dúvidas, já que eu não me relacionava com nenhum outro homem há pelo menos 4 ou 5 meses, e que a curto prazo eu pretendia contar a novidade para minha família, iniciar o pré-natal e me preparar para o nascimento do meu filho.
Infelizmente essa não era a resposta que ele esperava e eu comecei a ser bombardeada com propostas altamente indecentes, mas nada agradáveis (prefiro não reproduzir o conteúdo), seguidas que uma crise de choro dramática. Nessa hora, achei melhor não falar mais nada, deixar ele se acalmar e ver o que vinha depois. Acabamos dormindo juntos, abraçados e eu sinceramente pensei que o pior tinha passado. De manhã, me levantei, e fui embora depois de um beijo e a frase: - Pensa direitinho, vai dar tudo certo.
Uma semana depois, ele não havia mais me ligado, eu já tinha falado com o pessoal da empresa onde trabalho, alguns amigos e tava me preparando para o mais difícil: Minha mãe. Aí o telefone tocou, era ele, atendi, ele perguntou como eu estava e ao responder que estava bem, ouvi novamente as propostas imorais e ilegais que ele havia me feito na semana anterior. Deixei minha educação de lado e mandei ele para um lugar bem distante. Agora não tinha mais jeito, era eu, Deus, minha mãe e um pequeno ser que crescia dentro de mim. Resolvi encarar a fera.
Em casa, a notícia saiu rápido pela minha boca, parecia até que minha mãe já sabia o que eu tinha pra falar, ela meio que adivinhou e logo depois eu comecei a ouvir um típico sermão de mãe, daqueles que ninguém gosta de ouvir, mas bem no momento eu tinha mais é que ficar quieta mesmo. Depois de explicar tudo veio o pior, minha mãe estava arrasada, decepcionada comigo, mas só me disse: - Agora você vai ter uma responsabilidade infinita e vai ter que aprender a ser a melhor mãe para o seu filho.
Eu fiquei destruída, mas aliviada por saber que poderia continuar contando com ela, mesmo que todo o resto do mundo me virasse as costas.

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